Escola de Verão gera conhecimento nas férias

 

Nesta terça-feira, 03, foi dada a largada na Escola de Verão, atividade promovida pelo Programa de Pós-Graduação em Ciências Ambientais (PPGCA), da Universidade do Estado do Pará (Uepa). De caráter interdisciplinar, a programação oferece aperfeiçoamento e capacitação para quem enxerga no mês de julho oportunidades para além do descanso e lazer, típico do período de férias escolares. A agenda de 15 minicursos estende-se até sexta, dia 06, no Centro de Ciências Naturais e Tecnologia, em Belém.

Entre os participantes está o professor Amaury Torres, que leciona Química para alunos do Ensino Fundamental em uma escola particular da capital paraense. Ele escolheu aprofundar os conhecimentos no tema Experimentação Científica Escolar: Uma Ferramenta para o Ensino de Ciências, ministrado por Carlos Elias de Souza Braga, Ana Lúcia Nunes Gutjahr e Andreza Mesquita Martins.

Com quase 30 anos de magistério, Amaury considerou a proposta interessante por apoiar também a formação de docentes. “Eu busquei o minicurso porque entendo que o professor necessita valorizar a sua formação continuada. Os paradigmas da educação levam muito tempo para, de fato, serem implantados. A assimilação é lenta, pois passa pela formação do professor, seguida da sua prática em sala de aula. Eu, por obviamente valorizar a minha profissão, busco as oportunidades e nelas interajo, encontro com colegas, professores em formação. Isso para mim é de um valor muito grande”, analisou.

Para o coordenador do PPGCA, além de treinar os alunos do programa, a atividade é um retorno da pós-graduação para a sociedade, que investe seu dinheiro em bolsas e infraestrutura para o desenvolvimento da ciência. “É um processo de inserção social que procuramos desenvolver dentro de uma perspectiva interdisciplinar. Buscamos fundamentalmente atender o público-alvo, que também é formado por professores, que vão ter novas vivências, novas ideias e isso se reflete. O evento tem esse olhar de trazer as pessoas e colocar a Universidade como provedora de conhecimento, mostrar tendências, socializar temas atuais para que os participantes continuem a pesquisar depois”, explicou Altem.

Entre os temas da atualidade abordados na programação está a Metodologia Queer e o Discurso Pós-Colonial, ministrado pelo professor da Uepa José Augusto Carvalho de Araújo. A teoria trata de dos estudos de gênero e  afirma que a orientação, identidade sexual e ou de gênero dos indivíduos são o resultado de um construto social.  

“A finalidade é tentar compreender a metodologia Queer e os marcadores sociais da diferença (raça, gênero e sexualidade), a partir do conceito de cultura. Foram postos pelo conhecimento subalterno em meados da década de 1950, principalmente nos Estados Unidos e na Inglaterra, por estudiosos que passaram a fazer um debate onde se desconstrói os critérios de debate da ciência. A ideia é fazer com que os estudantes ou graduados consigam entender que a ciência tem as suas fissuras. Compreender isso é fazer com que eles tenham uma análise crítica e consigam transitar em outras perspectivas teóricas de pensar sobre o outro e sua própria vida”, afirmou o docente.

Além de docentes da Universidade, os minicursos também são ministrados por estudantes do curso de Mestrado em Ciências Ambientais. O mestrando Jefferson Souto apresentou as aplicações práticas do programa de computador OpenGrADS para a compreensão de variáveis meteorológicas. “Com o programa é possível delimitar o espaço e plotar a precipitação, observando onde a temperatura é mais ou menos intensa e a ocorrência de chuvas. Aprofundar esses estudos são importantes em uma região que tem poucas estações meteorológicas, como a nossa”, explicou. O conteúdo do minicurso integra a pesquisa que ele desenvolve para compreender os impactos na região do Marajó a partir das mudanças climáticas, nos últimos 30 anos.

Além da Escola de Verão, desde 2011 o PPGCA oferece duas atividades ao longo do ano. Em janeiro, ocorre a Escola de Inverno, coincidindo com o período chuvoso da região amazônica e, em novembro, é realizado o simpósio científico com mesas redondas e palestras.

Texto: Dayane Baía

Fotos: Nailana Thiely