Gmseca promove feira orgânica e mesa redonda

 

O espaço de convivência do Centro de Ciências Sociais e Educação (CCSE) da Universidade do Estado do Pará (Uepa) recebeu na manhã de hoje, 18, a Feira da Reforma Agrária do Movimento Sem Terra (MST). Foram vários produtos oferecidos, tais como frutas, verduras e  legumes livres de agrotóxicos, plantas decorativas e vendas de roupas. A Universidade recepcionou a feira pela primeira vez.

Todos os produtos vendidos foram produzidos pelos próprios comerciantes, em um assentamento localizado em Santa Bárbara, município da Região Metropolitana de Belém. A vendedora Dionísia Fernandes levou pupunha, pamonha, canjica e cupuaçu para a feira e falou o que achou a respeito da iniciativa da Instituição. “Eu achei muito bom, dá para ver que eles estão querendo colaborar com o trabalho do campo e isso é maravilhoso pra gente”, afirma.

A feira foi uma realização do MST e do Grupo de Pesquisa Movimentos Sociais, Educação e Cidadania na Amazônia (Gmseca) da Uepa. A ação foi realizada somente hoje, voltada para alunos, docentes, funcionários e residentes do entorno do campus. Elisângela Mendes, moradora da redondeza, aproveitou os produtos e os preços. “Eu achei uma iniciativa muito boa, os preços estão bem acessíveis, são produtos que não têm agrotóxicos e por aqui pela região temos carência disso, então aproveitei e ainda trouxe algumas pessoas também” ressaltou. 

MESA REDONDA

Durante o período da tarde, o Auditório da Reitoria da Uepa serviu de palco para Mesa Redonda sobre Conflitos Agrários no Pará, também promovida pelo Gmseca. O encontro reuniu professores, estudantes e alguns integrantes do MST.

O objetivo do evento era discutir as atuais questões agrárias e possibilitar à comunidade acadêmica, às entidades da sociedade cível e ao público em geral o debate acerca do processo de luta e da busca da igualdade social do campo. Os recentes embates entre fazendeiros e integrantes do MST também serviram de base para exposição.

Na visão da palestrante Cátia Oliveira Macedo, professora do Instituto Federal do Pará (IFPA), há um processo de negação em relação à pluralidade do campo por parte de setores econômicos capitalistas. “Está acontecendo uma corrida tanto acadêmica quanto política de mostrar que esse campo é homogêneo e que é resultado das relações capitalistas, não existindo qualquer outra forma de viver e de produzir que não seja atrelada a esse modelo. Essa construção serve para negar a existência de uma diversidade de formas de fazer, de viver e de produzir, como a dos camponeses”, afirma. 

O evento teve cinco expositores e dois mediadores de diversas instituições de ensino superior da região. A organizadora da Mesa e líder do Gmseca, professora Marize Duarte, comentou sobre a importância de trazer esse debate para dentro da Instituição. “Os grandes debates das questões agrárias não passam pelo interior da sala. Esses eventos só colaboram para crescimento da instituição. Nós pensamos a universidade em articulação com a sociedade. Nós devemos compreender a sociedade, trazer ela para esse campo, e retornar com o que nós produzimos”, enfatiza a Marize Duarte.

Texto: Rachel Oliveira e Marcus Passos
Fotos: Fernanda Martins