Dicionário Parkatejê-Português tem lançamento na Uepa

 

A professora doutora Leopoldina de Araújo lançou na manhã de hoje, durante palestra no auditório da Reitoria da Universidade do Estado do Pará (Uepa) o Dicionário Parkatejê – Português, que atribui uma grafia à língua do povo Parkatejê. Fruto de mais de 40 anos de pesquisa, o livro será mais uma ferramenta para a crescente interculturalidade entre as etnias e a sociedade.

O evento foi promovido pelo Grupo de Estudos Indígenas da Amazônia (Geia) da Uepa e iniciou com a palestra “Pesquisa Linguística e Retorno à Comunidade: o caso Parkatejê”, quando a professora Leopoldina compartilhou com os presentes parte da sua vasta experiências com os povos indígenas. Entre outros causos, ela lembrou um detalhe que mostra a diferença de ponto de vista entre ocidentais e indígenas.

“Lembro da primeira vez que vi a sala de aula em uma aldeia. Ela tinha uma ou duas mesas compridas, para que os alunos sentassem juntos. Questionei o motivo daquilo, pois para nós, quando um aluno está olhando o trabalho do outro, ele está colando, o professor indígena me explicou que todos aprendiam melhor juntos, um ajudando o outro, do que separados”, lembrou.

A língua Parkatejê é originalmente oral, não havendo tradição de registros escritos entre seus falantes, entretanto, para resguardar e propagar a língua, foi detectada a necessidade de se convencionar sua versão escrita. “Tudo foi bem debatido com os falantes do Parkatejê, tendo como guia a Ortografia Oficial para o povo Ejê”, explicou Leopoldina. O dicionário apresenta ao leitor 2.800 verbetes de palavras e expressões e explica ainda a sonoridade de vogais e consoantes.

O Dicionário Parkatejê será seguido que duas outras publicações preparadas pela professora, “Língua e Cultura Parkatejê” e “Brincando e Aprendendo Parkatejê” já estão aguardando impressão. Para a coordenadora do Núcleo de Formação Indígena, professora Joema Alencar, este tipo de publicação auxilia a atuação dos profissionais de educação que interagem com os povos indígenas. “Para nós que integramos o Grupo de Estudos é muito importante, ainda mais sendo feito por alguém que é uma grande referência no ramo, como a professora Leopoldina. Estas publicações nos ajudam a melhoras cada vez mais nosso trabalho juntos aos alunos indígenas”, avaliou.

 

Texto e fotos: Fernanda Martins