Pesquisa produz barra de cereal a partir do soro de leite

 
Em 2016, o Brasil produziu mais de 23 bilhões de litros de leite, segundo dados do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE). Esse número coloca o país entre os dez maiores produtores de leite do mundo. Dentre os produtos derivados desse líquido de importância para a indústria de laticínios encontram-se o iogurte, a manteiga, o requeijão, o queijo, entre outros.
 
Agora, quando o assunto é justamente a produção de queijo, um dado é importante: para produzir 1 quilo de queijo, são necessários 10 litros de leite, sendo que 9 litros são descartados. Esse resíduo eliminado é chamado de soro de leite e pode ter muitas utilidades ainda pouco conhecidas, como identificou a pesquisa da Universidade do Estado do Pará (Uepa), Aproveitamento do soro do leite, oriundo da produção de queijo de laticínios da região sul e sudeste do Pará, para elaboração de barras alimentícias com alto valor biológico.
 
O trabalho, produzido pelos estudantes Douglas Ferreira, Marjore Bezerra, Jakson Melo, Juliana Carneiro e Suelane Cordovil, foi orientado pela professora Ivonete de Aguiar, do campus VIII, em Marabá. O estudo identificou que o soro de leite contém uma variedade de compostos benéficos à saúde, como o fato da alta concentração de proteínas. Com base nessa informação, o grupo resolveu produzir barras de cereais a partir das moléculas proteicas do soro de leite, contribuindo, dessa maneira, para o desenvolvimento de novos produtos agroindustriais.
 
Para Douglas Ferreira, o desenvolvimento do trabalho também é uma forma de evitar o descarte irregular do soro de leite. “Esse resíduo é um forte agente de poluição ambiental que tem contaminado diversos solos e mananciais de rios devido o descarte irregular. Então, o reaproveitamento do soro de leite para fins agroindustriais poderia evitar que isso acontecesse”, explica o estudante. 
 
As proteínas presentes no soro do leite são oriundas de indústrias produtoras de queijo do município de Marabá, sudeste paraense. Foi por meio da junção desse concentrado proteico, com o acréscimo de flocos de arroz, flocos de aveia, castanha do Pará, goma acácia, purê de banana, maltodextrina, açúcar mascavo e água, que o produto foi desenvolvido. 
 
Após a produção, as barras foram submetidas à analise físico-químicas, microbiológicas e sensoriais. O resultado revelou que o alimento contém uma taxa de 36,77% de proteínas e de 3,54% de lipídeos, demostrando um alto valor nutritivo e um baixo valor calórico, respectivamente. Quanto ao resultado sensorial, foi identificado uma boa aceitação do produto entre os avaliadores.
 
Na concepção do pesquisador Douglas Ferreira, uma descoberta interessante do estudo foi verificar que a quantidade de proteínas presentes na barra de cereal foi superior às descritas na literatura analisada pelo grupo de estudantes. “Eu vejo isso como uma inovação tecnológica para as indústrias de lacticínios. Essa pesquisa conseguiu expressar a viabilidade da aplicação do concentrado proteico em barras de cereais”, afirma.
 
A importância da pesquisa também foi reconhecida em encontros científicos. O trabalho dos estudantes da Universidade do Estado do Pará (Uepa) foi exposto no VI Congresso Latino Americano de Analistas de Alimentos/XX Encontro Nacional de Analistas de Alimentos (Enaal), na categoria Tecnologia de Alimentos. O evento, sediado em Belém, foi realizado no período de 13 a 16 de agosto.
 
Texto: Marcus Passos
Foto: Rodolfo Oliveira/Pixabay