Campus de Cametá auxilia na produção de álcool 70%

 
Diante da carência do álcool 70% no mercado, por conta da pandemia no Novo Coranavírus, o município de Limoeiro do Ajuru, no nordeste do Pará, recorreu a parcerias para solucionar uma questão: reduzir o grau do álcool de 92º para 70º, visto que esse é o ideal para a desinfecção de superfícies, devido ao eficiente efeito bactericida.
 
Uma das parcerias foi com o Campus da Universidade do Estado do Pará (Uepa), em Cametá, que forneceu materiais de laboratório necessários para o preparo de álcool 70%, entre eles, o alcoômetro, o becker, a proveta e o bastão de vidro. A ideia da parceria, veio do enfermeiro e coordenador de Vigilância Epidemiológica de Limoeiro do Ajuru, Tobias Ferreira Gonçalves, que é egresso da Uepa em Tucuruí. Foram necessárias algumas reuniões e apenas uma ligação.
 
“Um colega, químico industrial e filho de Limoeiro, se propôs a fabricar o álcool a partir do iodo. Mas dissemos que nosso estoque era pequeno e sugeri a ele a transformação do álcool 92 em 70. Ele precisava dos materiais e o município dispõe, mas é para manusear material biológico. Aí se deu o início do processo de parceria no município, mas a gente não conseguiria avançar se não tivesse outra fonte de material. Então, eu lembrei da Uepa, liguei para o professor Rubens, apresentei a demanda, mostrei a nossa proposta de trabalho e como isso poderia contribuir com a população e ele se colocou à disposição”, conta Tobias.
 
A partir do contato com o reitor, Rubens Cardoso, o Campus de Cametá foi acionado e se colocou à pronta disposição para ajudar. Os materiais foram enviados de barco para a cidade de Limoeiro do Ajuru.  “Neste momento de surto do Coronavírus, é de suma importância a parceria com as instituições de ensino, como a Universidade do Estado do Pará, que sempre está disponível para ajudar a população da região do Baixo Tocantins, que compreende os municípios de Cametá, Limoeiro do Ajuru Abaetetuba, Acará, Baião, Barcarena, Cametá, Igarapé-Miri, Mocajuba, Moju, Oeiras do Pará e Tailândia. Desse modo, a ciência está contribuindo com todos, fazendo o seu papel e unidos podemos sair desse problema de pandemia do coronavírus”, afirma a coordenadora do Campus, Natácia Silva.
 
A professora explica ainda que os materiais cedidos pela Uepa são fundamentais para o preparo do álcool a 70%, pois o produto deve estar na concentração adequada. Caso contrário poderá diminuir a ação contra o vírus ou evaporar muito rápido, sem conseguir agir na eliminação do agente infeccioso.
 
Nessa espécie de rede que se formou em favor da produção do álcool, em falta no município de Limoeiro, a professora contou com a ajuda do estudante do 7º semestre de Licenciatura em Química, Kaio Barra, bolsista da Universidade e um dos monitores do Laboratório de Química do Campus, na separação dos materiais. “O sentimento é de solidariedade, pois ajudar o próximo é o mínimo que deve ser feito neste momento. E sabemos que o álcool é um dos produtos fundamentais para frear a propagação da Covid -19. E caso necessária a produção de mais álcool 70°, estaremos disponíveis para prepará-lo nas dependências de nosso laboratório”, explicou o aluno.
 
Com todos os materiais, em mãos, a produção do álcool foi feita em apenas um dia, graças ao esforço dos profissionais envolvidos, entre eles, o químico Yago Diniz, os agentes da Vigilância Sanitária e do Laboratório de Limoeiro. “De cara, a gente conseguiu suprir a demanda do município para disponibilizar o álcool para as equipes de saúde, e em curto prazo a gente minimizou esse problema de saúde que é a carência da oferta de álcool no mercado. Além disso, o álcool 70 é o ideal para usar no ambiente hospitalar, então a gente acaba conseguindo proteger o profissional, e não só ele, mas a população como um todo. Isso também reduz a chance de termos profissionais infectados, que tenham que sair do serviço para ficar em quarentena considerando que eles possam a vir se infectar”, explica Tobias Gonçalves, sobre os benefícios da parceria.
 
Como ex-aluno da Uepa, o enfermeiro acredita que a formação na Universidade vai além da técnica, dado o compromisso com o social. “Nesse momento é como se eu tivesse buscando apoio de um familiar. Quando eu ligo e consigo suprir a demanda, e a Uepa atende ao nosso pedido, a gente se sente realmente uma família, a Família Uepa, fica feliz com o acolhimento e consegue ver que vem de uma universidade que é humana, parceira, que pensa além dos muros”, finaliza Gonçalves. 

Texto: Ize Sena
Fotos: Ascom da Prefeitura Municipal de Limoeiro do Ajuru