Pedagoga formada pela Uepa é premiada nacionalmente pelo TCC

 
Isa Costa buscou entender a reinserção de mulheres egressas do sistema penitenciário.

 

“Sonhar é possível, e realizar sonhos também”. Este é o preceito defendido por Isa Mara Silva da Costa, autora do trabalho intitulado Contribuições da Educação Realizada pela Seap e a Fábrica Esperança na Ressocialização de Mulheres Egressas do Sistema Prisional no Pará, que integra os cinco estudos selecionados pela chamada pública ReIntegrar com Equidade de Raça e Gênero para Egressos do Sistema Carcerário.

Formada ao final de 2021, no curso de Licenciatura em Pedagogia da Universidade do Estado do Pará (Uepa), Isa realizou o Trabalho de Conclusão de Curso (TCC) em três etapas metodológicas: bibliográfica, documental e pesquisa participante. Durante o desenvolvimento, buscou entender a reinserção de mulheres - egressas do sistema penitenciário - na sociedade, a partir de uma ótica pautada na educação como instrumento de emancipação e ressocialização, por meio de observação e participação no projeto Fábrica Esperança. A pedagoga também conduziu o olhar para as condições que levaram as pessoas a determinadas escolhas, e como a sociedade atua perante elas. “Pude ser capaz de observar, durante uma das entrevistas que tive, que esses sujeitos querem ser vistos, querem oportunidades e querem ser aceitos. Então, acredito que mostrar um novo olhar sobre esses sujeitos e como a educação e todo o processo educacional que eles tiveram durante e após o cárcere seja uma das formas de maior pertinência neste estudo”, afirma.

Antes de escolher a temática que propiciou reconhecimento nacional, Isa iniciou pesquisas bibliográficas sobre o Empoderamento e Emancipação de Mulheres no Cárcere - tema que, até então, seria defendido no TCC. Em 2020, no segundo semestre, interrompeu os trabalhos devido a questões pessoais. Mas, conseguiu retomar as atividades no mesmo ano e, após diálogos com a sua orientadora, professora Edina Fialho Machado, optou por redirecionar o foco da pesquisa. Distanciando-se de uma parcela do que havia pesquisado, concedeu notabilidade para a ressocialização das mulheres egressas. “Foquei mais na ressocialização delas, comecei a observar também outras questões, além do que era feito ou ofertado dentro dos cárceres, e queria saber o que acontecia depois, como elas voltavam, se eram aceitas na sociedade e no mercado de trabalho”, relembra.

A inspiração para debater o tema tem origem na semana acadêmica do curso de Pedagogia, quando conheceu abordagens da pedagogia em diversos âmbitos não escolares, principalmente no cárcere. Na ocasião, a fala de Edina Fialho sobre o assunto foi o que estimulou a estudante a percorrer o caminho que a conduziu até aqui. “Sempre quis falar sobre a questão de gênero na ótica de ser mulher, sempre tive isso em mente. Então, quando estava assistindo a essa apresentação, me veio o interesse de saber mais, queria conhecer melhor”, ressalta Isa da Costa.

Edina participou de outro momento importante na trajetória acadêmica de sua ex-aluna, além de orientá-la durante as pesquisas e apresentar possíveis temáticas até a decisão de discutir o assunto em voga, incentivou Isa a participar da chamada pública. Segundo a aluna egressa, a relação com a professora ultrapassou o vínculo mantido em sala de aula. “Sou muito grata à professora Edina, ela foi além de uma orientadora, e fez mais que orientar. Ela me apresentou novas possibilidades e sempre se mostrou muito gentil e amável. Ela acreditou na minha pesquisa quando eu mesma não acreditava”, contou. 

Dos 470 inscritos no programa, Isa foi a única participante da região Norte a ter o trabalho selecionado. Defendendo a importância de um ensino que conceda espaço a pesquisadores e estimule pessoas a buscar, por intermédio da educação, novos saberes, olhares e perspectivas, objetivando debates e pesquisas para a sociedade e comunidade acadêmica, ela acredita que ainda há temáticas de diferentes sujeitos sociais – invisibilizados – que precisam ser discutidas.

Sobre a chamada pública

Desenvolvido pelo Centro de Estudos das Relações de Trabalho e Desigualdades (CEERT), o intuito é reconhecer e valorizar iniciativas que visam promover dignidade para egressos do sistema penitenciário que cumpriram pena com o trabalho, numa percepção de equidade racial e de gênero. Nesta primeira edição do programa, iniciada ano passado, a chamada pública teve duas vertentes: projetos e estudos.

Os anúncios dos projetos e estudos escolhidos foram realizados em março e abril deste ano, respectivamente. A ação do CEERT destinou R$140.0000,00 para os trabalhos premiados, com R$ 30 mil designado a cada projeto e R$ 10 mil concedido a cada estudo. 

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Texto: Thayssa Nobre (Ascom Uepa)

Foto: Acervo pessoal.